Resultados da III Reunião de Análise Climática para o Nordeste do Brasil
Fortaleza, 23 de janeiro de 2004
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Instituto Nacional de Meteorologia - INMET
3o Distrito de Meteorologia - Recife - PE

Realizada nos dias 23 e 24 de março de 2004

Análise das Chuvas e das Condições Hídricas do Nordeste do Brasil

O grande volume de chuvas acumulado na Região Nordeste do Brasil, registrado a partir da segunda quinzena do mês de janeiro a primeira quinzena de fevereiro, decorreu da atuação conjunta de vários sistemas meteorológicos: frentes frias, vórtices ciclônicos de ar superior (VCAS), Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Os totais de chuva acumulados no mês de janeiro ultrapassaram 500% acima da média histórica em alguns setores da Região. Em fevereiro as chuvas também apresentaram valores acima da média, porém, com menor intensidade. No final de fevereiro ocorreu um evento de precipitação intensa no estado de SE com valores de até 350% acima da media histórica. No mês de março, as chuvas diminuíram substancialmente em quase todo o Nordeste.

As reservas hídricas do Nordeste que no início de janeiro eram, em média, cerca de 30% da capacidade máxima, atingiram no final do mês um percentual superior a 90%, devido os altos índices pluviométricos. No mês de fevereiro a maioria dos reservatórios do Nordeste atingiu sua capacidade máxima de armazenamento.

Análise e Previsão Climática

As Anomalias da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) mostraram-se acima da média histórica no setor oeste do Pacifico Equatorial durante o mês de fevereiro/04. As Configurações dos campos de pressão e vento em superfície apresentaram condições favoráveis para a migração da ZCIT mais ao sul de sua posição climatológica. No mês de março a atuação principal da ZCIT foi no extremo norte do Nordeste.

Os modelos de previsão da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do Centro Norte-Americano (NCEP) e do Centro Europeu (ECMWF) prevêem que as condições do Oceano Pacífico Equatorial estarão próximas à média histórica nos próximos três meses. Atualmente não existem padrões de anomalias de TSM que evidenciam uma configuração dos fenômenos El Niño ou La Niña. Observa-se, no Atlântico tropical, uma tendência de aquecimento no norte e resfriamento no setor sul.

Levando-se em consideração os atuais padrões da atmosfera e dos oceanos Pacífico equatorial e Atlântico tropical, e os resultados dos modelos climáticos e estatísticos dos principais centros meteorológicos mundiais (CPTEC/INPE, NCEP, COLA, NASA, ECPC, Max Planck Institute), houve consenso técnico de que a previsão climática para o trimestre abril, maio e junho de 2004, é de chuvas variando de normal a acima da média histórica para o extremo norte dos estados do PI e CE. Para o leste do Nordeste (faixa que vai de RN até o recôncavo baiano) e semi-árido nordestino, a previsão é de chuvas próximas à normal. Para o sul do Nordeste (centro norte da BA até o norte de MG), o período chuvoso está finalizando e as previsões para essa região têm baixa confiabilidade.

É importante destacar que a variabilidade espacial e temporal é uma característica das chuvas do Nordeste. Salienta-se a grande probabilidade de ocorrência de veranicos em toda a região e eventos de chuvas intensas em curtos intervalos de tempo, principalmente no leste.

Embora exista o monitoramento contínuo das condições atmosféricas e oceânicas, recomenda-se o acompanhamento das previsões meteorológicas diárias pela sociedade e órgãos tomadores de decisão diante da possibilidade de ocorrência de eventos extremos (chuvas intensas e outros).

Observações

Tais resultados foram analisados e discutidos na III Reunião de Análise Climática para o Nordeste do Brasil, que foi realizada nos dias 23 e 24 de março de 2004, sob a coordenação do III Distrito de Meteorologia do INMET, com a participação das seguintes instituições:

» Secretaria Extraordinária do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e Minerais – SEMARH / Laboratório de Meteorologia Recursos Hídricos e Sensoriamento Remoto da Paraíba - LMRS-PB.
» Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (LAMEPE)/Instituto Tecnológico de Pernambuco (ITEP) – PE.
» Diretoria de Hidrometeorologia / Secretaria Executiva de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Naturais de Alagoas – SEMARHN-AL .
» Superitendência de Recursos Hídricos de Sergipe – Centro Estadual de Meteorologia e dos Recursos Hídricos – CMRH – SE.
» Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC / INPE.
» Instituto Nacional de Meteorologia – INMET.
» Centro de Lançamento da Barreira do Inferno / Setor de Meteorologia – RN.
» Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
» Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN.

A próxima reunião climática será organizada e realizada nos dias 15 e 16 de abril pela SEMARHN/DHM-AL em Maceió-AL.

Anexo I – Relação dos Participantes

» Raimundo Jaildo dos Anjos
» José A. Marengo
» José Oribe Rocha de Aragão
» Fabiana Carnaúba Medeiros
» Overland Amaral Costa
» Francis Lacerda
» Maria Aparecida Ferreira
» Antonio Marcos de Oliveira
» João Felisardo Machado
» Ednaldo Correia de Araújo
» Gilmar Bristot
» Carmem T. Becker
» Fábio Azevedo
» Joseane Guedes
» Werônica Meira
» Ivanildo Silva Leite
» Paulo Roberto Meira
» Eladio Barros da Silva