IV REUNIÃO DE ANÁLISE E PREV. CLIM. PARA DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL PARA O TRIMESTRE JUNHO A AGOSTO/2005

GOVERNO DE SERGIPE
Secretaria de Estado do Planejamento
Superintendência de Recursos Hídricos


SUMÁRIO
Nos dias 19 e 20 de maio de 2005, realizou-se a V Reunião de Análise Climática para a Região Nordeste do Brasil, em Aracaju-SE, sob a coordenação do Centro de Meteorologia e Recursos Hídricos, vinculada à Secretaria de Estado do Planejamento (SEPLAN). Participaram do evento representantes do CPTEC/INPE, UFCG, INMET e dos Centros Estaduais de Meteorologia do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. O evento foi aberto pelo Exmo. Sr. Secretário Adjunto de Estado Artemísio Cardoso Rezende.

Inicialmente, foram apresentadas as condições pluviométricas e hídricas nos Estados do Nordeste, para o mês de abril de 2005. Destacou-se a predominância de chuvas abaixo da média em todo o norte do Nordeste, apesar das chuvas ocorridas no final do mês, no setor leste da Bahia e no sul de Sergipe. A análise dos recursos hídricos mostrou que a maioria dos açudes encontra-se com capacidade de armazenamento superior a 60%.

As condições oceânicas e atmosféricas mostraram características de neutralidade associadas à atividade do fenômeno El Niño na bacia do Oceano Pacífico. Destacaram-se as anomalias positivas de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no Atlântico Norte e adjacente à costa leste da América do Sul, assim como o resfriamento das águas próximo à costa oeste da África. Esta configuração, associada ao enfraquecimento dos ventos próximo ao litoral nordestino, pouco contribuiu para a formação dos sistemas meteorológicos responsáveis pelo início do período chuvoso no setor leste do Nordeste do Brasil.

A previsão climática para o trimestre junho a agosto de 2005 é de chuvas variando de normal a abaixo da normal climatológica no leste da Região Nordeste, desde o Rio Grande do Norte até Alagoas, ressaltando a grande variabilidade temporal das chuvas e a ocorrência de episódios extremos. No leste da Bahia e em Sergipe, o período chuvoso deve ocorrer próximo à normalidade. No interior do Nordeste, a previsão é de normalidade, entretanto, deve-se considerar que esta região inicia seu período de estiagem neste trimestre. No Oceano Pacífico, o sinal da oscilação intrasazonal continua apontando para ocorrência de chuvas mais significativas entre final de maio e meados de junho de 2005
.


ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO
O mês de abril foi marcado por chuvas abaixo da média em praticamente todo o norte da Região Nordeste do Brasil, com os mais baixos totais pluviométricos registrados no centro-sul do Ceará, no agreste de Pernambuco e no oeste da Bahia. No leste da Bahia, as chuvas foram mais significativas e estiveram associadas à atuação de vórtices ciclônicos e cavados em altos níveis. Estes sistemas deslocaram-se para sul, posicionando-se sobre o leste da Região Sudeste em meados de abril, favorecendo, portanto, as chuvas no norte da Região Nordeste. As chuvas no nordeste da Bahia e sul de Sergipe também estiveram associadas ao avanço dos sistemas frontais no final do mês de abril. Neste mês, notou-se a ausência de aglomerados convectivos associados à propagação de distúrbios de leste – sistemas meteorológicos que costumam ocorrer com maior freqüência a partir do mês de abril.

De modo geral, os desvios negativos de precipitação excederam os 100 mm desde o norte do Maranhão até o norte de Sergipe, enquanto no nordeste da Bahia e no sul de Sergipe, as chuvas excederam a média em até 200 mm
.

ANÁLISE DOS CAMPOS GLOBAIS
O campo de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) mostrou a dissipação do episódio quente do fenômeno El Niño – Oscilação Sul (ENOS) no setor oeste do Pacífico Equatorial e a diminuição das anomalias negativas de TSM próximo à costa oeste da América do Sul. No Atlântico Norte, ainda permanece extensa área de anomalias positivas de TSM, consistente com o posicionamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) ao norte de sua climatologia. No Atlântico Tropical Sul, destacou-se o deslocamento da alta subtropical em direção à costa sul da África. Próximo ao Nordeste brasileiro, a magnitude dos ventos de sudeste foram desfavoráveis para a formação e propagação de distúrbios de leste.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maioria dos modelos de previsão de precipitação dos centros internacionais apontam para a redução das chuvas no leste da Região Nordeste do Brasil no trimestre junho a agosto de 2005. Porém, a previsão do modelo global do CPTEC/INPE aponta para condições de chuva acima da média em parte do setor norte do Nordeste. Considerando que o deslocamento desfavorável da alta pressão subtropical do Atlântico Sul pode contribuir para a diminuição da convergência de umidade, próximo ao leste do Nordeste, e a tendência de diminuição das anomalias positivas de TSM no Atlântico Tropical Sul, nos meses subseqüentes, a previsão é de que as chuvas ocorram de normal a ligeiramente abaixo da média no leste da Região Nordeste, desde o Rio Grande do Norte até Alagoas.

A análise das oscilações intrasazonais, que se propagam através dos oceanos Pacífico e Índico, continuam apontando para um sinal favorável da oscilação Madden-Julian entre o final de maio e meados de junho 2005. Permanece a possibilidade de ocorrência de eventos extremos durante o trimestre junho a agosto, no setor leste do Nordeste, com variabilidade temporal na distribuição das chuvas.

As probabilidades de ocorrência de chuvas para o Nordeste do Brasil são mostradas na figura abaixo:


Figura 1 – Áreas com probabilidades percentuais estimadas de ocorrência de chuva no trimestre JJA/2005. As cores azul e vermelho indicam probabilidades acima e abaixo da média, respectivamente, o amarelo indica probabilidade de ocorrência de chuvas próximas à normal climatológica.